Mucugê se despede de Santo Antônio em cortejo de fé, música e tradição

Entre sons e silêncios, a cidade de Mucugê viveu, mais uma vez, um dos momentos mais emocionantes do seu calendário cultural e religioso: a despedida de Santo Antônio, o santo casamenteiro, que retornou ao chalé da família Medrado após dias de celebrações, promessas e devoção popular.


As ruas, ornamentadas com bandeirolas coloridas que dançavam ao sabor do vento frio da Chapada Diamantina, tornaram-se palco de um cortejo carregado de fé, história e emoção. A Filarmônica Lyra Popular de Mucugê, com seu tradicional uniforme de gala – branco como um símbolo de esperança e pureza – conduziu o rito com uma trilha sonora que transformou cada passo da procissão em uma prece musical.

Ao longo do percurso, dobrados e mais dobrados se entrelaçaram ao Hino em Louvor a Santo Antônio, entoado com vigor pelos músicos e acompanhado com emoção pelos fiéis. Os rostos da comunidade refletiam o sentimento coletivo: olhos marejados, mãos erguidas e corações agradecidos. A imagem do santo, conduzida com todo respeito e cuidado, percorreu as ruas planas da cidade, revivendo uma devoção que atravessa gerações.
Mais do que uma apresentação musical, a participação da Lyra Popular foi a expressão viva de uma cultura que resiste ao tempo. Os sons que ecoaram pelas vias de Mucugê não saíram apenas dos instrumentos de sopro e percussão. Vieram também dos corações de cada músico, de cada devoto e de todos que, de alguma forma, contribuíram para manter viva essa tradição centenária.
Após o cortejo, Santo Antônio foi recebido de volta ao seu lar temporário – o chalé da família Medrado – sob aplausos, lágrimas e o sentimento de missão cumprida. Uma promessa, no entanto, permanece: em junho do próximo ano, os sinos, as vozes e os dobrados soarão novamente, renovando os votos de fé, música e esperança que fazem parte da alma de Mucugê.


Legenda da foto: Filarmônica Lyra Popular de Mucugê durante o cortejo de encerramento das festividades de Santo Antônio, no dia 13 de junho de 2025. (Foto: Acervo Lyra Popular)