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Museu do Mato

O Museu do Mato é uma escultura, uma Escultura Museal. Escultura cuja matéria-prima é pensamento e o cinzel a palavra. Palavra que deve ser potente o suficiente para provocar transmutações, mudanças de percepção. Palavra molda pensamento. A materia plástica desta Escultura Museal são pensamentos, subjetividades relacionadas a formas de percepção da natureza, dos bens espirituais, do tempo, do espaço, da vida.

A Escultura Museal é uma obra coletiva, construída a partir da criatividade compartilhada, com a finalidade de transformar o futuro. Conceito elaborado no campo híbrido entre arte e museologia, baseado em princípios do artista alemão Joseph Beuys.

O desenho da Escultura Museal segue a estrutura de uma planta: raízes, ramos, flores. RAÍZES são o passado, tradição; RAMOS são mediação; FLORES, PÓLEN, são o novo, o futuro. Esta também é a estrutura funcional dos museus: passado, presente, futuro – preservar, pesquisar, comunicar (modelo PRC, preservation, research, communication).

Museu é instância de legitimação, cujo propósito é criar e legitimar narrativas culturais / artísticas, ideias e lógicas. O propósito do Museu do Mato é produzir e difundir reflexões e exercícios poéticos sobre natureza, tempo, ciclos, amplidão, aridez, água, trabalho, sobrevivência, memória, transmutação (decomposição, compreensão e recomposição), sistemas vivos, espaço, fruição, estado de participação, imprevisibilidade, cosmos. Novas lógicas a partir de um círculo pequeno, fora dos centros urbanos, buscando alguma independência das instâncias e ideias hegemônicas.

Leituras poéticas das relações natureza / cultura, valores e tradições de plantio e lida com a terra, alimentos, remédios caseiros, rezas, ancestralidade, relações entre herança espiritual (herança ligada aos valores do espírito) e patrimônio total (natural e cultural), podem provocar sensibilização e mudanças de perspectiva sobre o cotidiano e sobre a vida, e contribuir para o bem comum.

Arte é um locus de articulação das subjetividades. Arte é olhar para fora a partir do universo interior. A criatividade é capaz de criar novas modelagens de sociedade. A herança espiritual é mensagem poética, passada de geração em geração, que tem o poder de ressignificar a existência humana. Museu é o espaço simbólico para transmissão de fragmentos dessas mensagens poéticas. Dentro do museu é possível moldar o futuro.

A natureza e seus padrões possuem uma lógica própria e um profundo sentido de equilíbrio e harmonia. A observação de sistemas biológicos e fenômenos naturais pode trazer soluções para problemas diversos do cotidiano. As experiências participativas e contemplativas nas relações entre sujeito e ambiente ativam processos criativos, alargando fronteiras e provocando novas interpretações e significados para a arte e a vida, novos paradigmas.

A Escultura Museal é um processo contínuo, como os ciclos naturais. MATO é objeto natural, arquétipo, imagem, símbolo dessa obra.

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MATO é a vegetação que nasce espontaneamente, em local e momento inesperados. É capaz de germinar em qualquer lugar, qualquer terreno. MATO tem alto poder de adaptação, aproveita ao máximo qualquer escasso recurso que surja. Precisa de pouco tempo para germinar e florescer. É poliploide: capaz de se modificar geneticamente. É auto-compatível: capaz de se polinizar com seu próprio pólen. MATO é capaz de hibernar até ter condição de desenvolvimento. Produz continuamente. E por isso tudo é perene, quase imortal.

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Museu do Mato. Ideias de natureza e paisagem nas práticas artísticas.

Apresentação do Museu do Mato no Congresso UFBA 75 anos.  Mesa Natureza Incomum. Ideias de natureza e paisagem nas práticas artísticas. Com Luciana Moniz, Ines Linke, Joyce Delfim, Laura Benevides, Van Jesus. 9 de dezembro de 2021. O Museu do Mato é um coletivo de artistas e pesquisadores, um laboratório de arte e museologia, que tem sede na comunidade do São Pedro, uma área rural da Chapada Diamantina, entre Mucugê e Guiné, na Bahia.

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Luciana Moniz de Aragão

Museóloga

Luciana Moniz de Aragão é graduada e mestre em museologia, pesquisadora dos campos da arte e da museologia, interessada em questões como subjetividades e desenvolvimento social e humano. Foi diretora executiva do Museu de Arte Moderna da Bahia e da 3a Bienal da Bahia, Conselheira do Instituto Sacatar em Itaparica, além de atuar como consultora em diversos projetos culturais. Trabalha com cultura há quase 30 anos.  Há 3 anos mora no Povoado do São Pedro, Mucugê, Chapada Diamantina, Bahia, onde é pesquisadora e curadora do Museu do Mato / Residência Artística, e presidente do Conselho Municipal de Cultura (2022-2024).

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